Criado em 2004 pelo casal de biólogos Alexandre e Alessandra Castro, o Instituto Ilhas do Brasil foi concebido como uma organização de base comunitária. Contudo, para fincar raízes no Pântano do Sul, era preciso o aval dos moradores locais. Os fundadores do Instituto encontraram na pescadora Zenaide Maria de Souza, de 70 anos, o apoio necessário para conquistar a confiança das famílias.
“Sou filha de pescador e a única mulher que exerce a pesca artesanal de tainha aqui na região. Hoje, as empresas grandes vêm aqui com suas traineiras e suas redes, e levam quantidades enormes de peixe, numa velocidade maior do que os peixes se reproduzem”, diz Zenaide. A “capitã”, como gosta de ser chamada, identificou no Instituto uma alternativa para as crianças e os adolescentes do Pântano. Com isso, ela embarcou no sonho de Alexandre e Alessandra e fortaleceu a iniciativa junto à comunidade, além de ter ajudado a elaborar, em
2005, o carro-chefe da ONG: o Estrelas do Mar, projeto que conta com o apoio do Criança Esperança e trabalha diretamente com crianças e adolescentes. A ideia é ensiná-los que os conceitos de sustentabilidade devem ser praticados no dia a dia e, ao mesmo tempo, fomentar o desenvolvimento socioeconômico do Pântano do Sul. “A dona Zenaide representa a história do Instituto”, resume Alessandra.
Uma parte dessa história de três décadas está contada no
livro “Criança Esperança: 30 ano, 30 histórias”. O livro é um retrato de como é
possível reescrever destinos e superar expectativas. São 30 depoimentos, sendo
25 deles de pessoas que encontram um caminho para romper o ciclo de pobreza e
violência em suas comunidades, morros e favelas. Os outros cinco são de
coordenadores de projetos apoiados pelo Criança Esperança, que relatam sua
atuação em defesa da infância e da juventude.